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Frequência Modulada

Os 14 anos de The Game e o clássico The Documentary

Frequência Modulada

19/03/2019 16h08

Para celebrar os 14 anos desse disco, que foi um divisor de águas na Costa Oeste dos Estados Unidos, o Frequência Modulada fez uma resenha de ponta a ponta do primeiro disco de inéditas do The Game intitulado The Documentary.

1) Intro (Produzida por Dr Dre)
Somente uma intro.

2) Westside Story – 50 Cent (Produzida por Dr Dre & Scott Storch)
A batida fala mais alto aqui. É muito boa, um toque ao fundo de piano com um acorde de piano mais alto sobre ele, o único problema é que fica repetitivo. Por ser produzida pelos dois melhores produtores do passado e presente, foi decepcionante. Game começa dando um salve para várias gangues seu primeiro verso é bom, mas é simples. Essa é uma das músicas que o 50 Cent participa e ajuda Game no refrão, pois Game ainda não tinha o dom de escrever os seus refrões.

3) Dreams (Produzida por Kanye West)
Segundo Kanye West, essa batida é a mais simples que ele já fez. Kanye disse que essa batida é sem alma, , sem algo a mais, embora tenha sua marca registrada perto do refrão. O sample de um homem falando "dream" no fundo se torna repetitivo e enjoa, embora esteja claro que ele é usado como o "breathe" de Blaze usado na música de mesmo nome de Fabolous, mas aqui não ficou muito bem. Game novamente dá um salve em seu produtor e pra um monte de gente, enquanto se gaba de sua própria vida.

4) Hate it Or Love it – 50 Cent (Produzida por Cool & Dre)
Ai sim, finalmente uma batida interessante. Um tambor com uma batida sólida, sobre um jazz estilo canção natalina, mais um acorde de saxofone. 50 rima primeiro, sua levada tá no ponto certo, embora sua rima seja fraca. Ele canta o refrão novamente, acompanhado de Game, o refrão é a melhor parte da música depois da batida. A letra de Game é um pouco melhor nesse som, mas novamente dando salves para umas 3 ou 4 pessoas.

5) Higher (Produzida por Dr Dre & Mark Baston)
O segundo single. A batida, é um pouco mais composta, é melhor do que da Westside Story; Game começa citando outros artistas, seu verso é decente e a levada é boa. O refrão é bom e interessante, mas continua dando salves, como no resto da música. Boa música para as festas.

6) How We Do – 50 Cent (Produzida por Dr Dre & Mike Elizondo)
A batida é simples, no minimo interessante. O primeiro verso de Game (e os seguintes) são abaixo da média, além de sua levada estar fora de sintonia. 50 cantando o refrão está pedindo pra ser esquecido.. seu verso é muito ruim, pelo menos a levada está no ponto.

7) Don't Need Your Love – Faith Evans (Produzida por Havoc 'Mobb Deep')
A primeira batida boa do CD. Havoc parece estar se recuperando de sua queda no Amerikaz Most Wanted, com um sample estilo Kanye todo em cima de um acorde triste.. Game rimando soa no começo como 50 Cent, mas só até o meio do verso, então volta ao seu normal. Faith no refrão soa angelical, se encaixando perfeitamente na batida de Havoc. O segundo verso de Game é melhor, mas no geral o que era para ser uma canção triste simplesmente acabou se tornando outra coisa.

8) Church For Thugs (Produzida por Just Blaze)

Essa batida soa como as batidas costumeiras de Blaze. Game demonstra sua falta de inteligência ao tentar combinar rimas conscientes com gangsterismo: "Eu acabei de lançar um video e gastei metade do orçamento/Sou Gangsta/Vou sacar da 40 Cal em público/Tenho mais ódio no coração do que Pac por Deloris Tucker/" seguido diretamente por essa rima "Toda vez que um mano meu leva um tiro, mais eu sofro/Porque estamos presos em um mundo onde você tem que morrer pelas cores que você usa/"
Game se referindo a Crips e Bloodz

 

9) Put You On the Game (Produzida por Timbaland)

Essa batida soa como uma do Sul, a batida costumeira de Tim. É uma batida muito boa e Game fala sobre carros, gangsterismo de como sãos as ruas de Compton e o que a quebrada dele representa em sua vida.

10) Start From Scratch – Marsha of Floetry (Produzida Dr Dre & Scott Storch)

A batida é um pouco melhor do que a outra da dupla Dre/Storch, na verdade é muito boa. No começo tem um corte de uma entrevista, a entrevista onde ele chegou bêbado e cuspiu; ele nunca deveria ter feito isso destruiu a música e o canto de Marsha. Essa música pode ser considerada a Many Men do Game.

11) The Documentary (Produzida por Jeff Bhasker)

Parece que uma batida mais agressiva faz com que Game rime mais agressivamente; a levada dele está melhor aqui. Depois de vários versos medianos, o refrão é a melhor parte da música "I was Ready 2 Die without a Reasonable Doubt/Smoke Chronic and hit it Doggystyle before I go out/Until they sign my Death Certificate, All Eyes On Me/I'm still at it, Illmatic and that's the Documentary/". O album todo deveria soar como essa música.

12) Runnin – Tony Yayo (produzida por Hi-Tek)

As batidas de Tek costumam ser boas, assim como essa. Game apoia-se em seu estilo costumeiro de rimas de 3 silabas, novamente. Suas rimas são um pouco mais metafóricas, e ele obviamente se esforça para não começar a dar salves ou nos dizer o carro que ele dirige (ele fala até a marca do tênis que ele usa). Yayo manda uma rima muito ruim, nada rima e ele usa a mesma palavra (com o mesmo significado) várias vezes.

13) No More Fun and Games (Produzida por Just Blaze)

Ironicamente, a batida mais G-Funk do album vem de um produtor de New Jersey que costuma fazer produções para MCs de New York e Philly. A batida é boa, mas tem um sample de uma "multidão" que dá a atmosfera de festa

14) We Ain't – Eminem (Produzida por Eminem)

A batida não é lá essas coisas (como era de se esperar), mas não é horrível (tá melhorando Shady). Com Eminem cantando junto com ele, Game não resiste e cita o nome dele umas 3 vezes só no primeiro verso; no lado bom, ele rima sobre tensão racial, mas por outro lado, ele provavelmente falou isso porque ele achou que tinha que fazer isso. A rima de Eminem é uma das melhores que já ouvi ele fazer, a letra e a levada. O segundo verso de Game parece que foi escrito por outra pessoa, está no estilo do Eminem.

15) Where I'm From – Nate Dogg (Produzida por Focus)

O produtor da Aftermath fez um bom trabalho nessa. Uma batida descontraída, Nate cantando o refrão, parece boa. No entanto, o primeiro verso de Game provavelmente é a maior orgia de citação de nomes, carros e tênis do CD todo. O resto é decente, nada demais.

16) Special – Nate Dogg (Produzida por Needlz)

Needlz é um produtor desconhecido por mim, mas se levar em conta essa batida, ele tem habilidade. Ela te contagia. A batida e o refrão de Nate encobrem as rimas de Game, uma boa música para as festas.

17) Don't Worry – Mary J Blige (Produzida por Dr Dre & Mike Elizondo)

Esse plano de fundo tranquilo parece se ajustar ao vocal de Mary J perfeitamente. A transformação quando Game começa a rimar passa despercebido. As rimas de Game são decentes, canções sobre mulheres geralmente não são ruins (melhor do que a Smile de Lloyd Banks), mas ficou boa por causa da batida e de Mary J, não Game.

18) Like Father, Like Son – Busta Rhymes (Produzida por Buckwild)

A batida é boa, muito emotiva; Busta faz um bom trabalho no refrão, infelizmente é só isso que ele faz. Game canta os três versos, e não são ruins.

Game tem muito que agradecer Jimmy Iovine, por ter trocado uma ideia com 50 Cent para recruta-lo para a G-Unit, pois Jimmy achava que a G-Unit não tinha um representante direto na Costa Oeste. Snoop entregou a tocha para The Game e o mesmo entregou a tocha para Kendrick Lamar manter a Costa Oeste no mapa.
The Documentary estreou em primeiro lugar na Billboard 200, vendendo 586.000 unidades na primeira semana. O álbum recebeu dupla platina em março de 2005 e vendeu mais de 8 milhões de cópias em todo o mundo

Sobre os autores

Fabio Lafa escreve textos, podcaster, pesquisador musical e consultor em music branding.

Nyack é Dj, pesquisador musical e beatmaker.

Juliano BigBoss é estudioso do marcado do rap, pesquisador, produtor artístico e executivo.

Sobre o blog

Papo semanal e bem descontraído sobre os ritmos que movem cidades. Dicas e mapeamento de cenários musicais - clássicos e emergentes, do analógico ao eletrônico.

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