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Frequência Modulada

De La Soul, streaming e uma longa novela

Frequência Modulada

27/02/2019 17h02

Uma discussão contratual de anos envolvendo 2 grandes gravadoras, dezenas de samples, 3 álbuns clássicos do hip hop e um principal prejudicado: O De La Soul.

O trio de hip hop De La Soul, natural de Long Island City em New York vem enfrentando uma árdua batalha defendendo seu legado: briga há 12 anos com a sua antiga gravadora Tommy Boy Records e a Warner Music, detentora dos direitos de seus 6 primeiros álbuns e, essa semana conversou com os fãs publicamente:

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Uma publicação compartilhada por De La Soul (@wearedelasoul) em "Caros fãs … Acabamos de desligar o telefone com a Tommy Boy Records … negociações (ou falta de) para lançar nosso catálogo em todas as plataformas de streaming … oh, ow".

"Queridos fãs… olhem só isso!! Segunda-feira, quando contornados e questionados se todos os samples seriam liberados para o nosso catálogo de lançamentos no streaming, Tommy Boy (Records) achou melhor ir adiante com os lançamentos e lidar com as possíveis reivindicações e ações judiciais que surgirem… Sério???? Não é uma decisão estratégica inteligente – nós não queremos ser processados"

Por quê estamos discutindo isso em 2019???

Claro que o rap é um gênero musical que cresceu da cultura de samplear coisas antigas (o techno também diga-se de passagem) mas, em épocas de uma maior autonomia artística e produção de carreiras que permeiam hoje por todos os gêneros e a atividade nas redes sociais que torno-se muito mais efetiva na divulgaçao de trabalho, é dessa forma que as gravadoras vão continuar atingindo suas metas de lucro – com contratos desleais? Digo, claro que estamos falando de empresas, metas de faturamento e devolução de investimento aos acionistas mas, será mesmo que as gravadoras estão tão sufocadas com as novas formas de distribuição de música como vêm falando de 2010 pra cá? Os números no final do mês estão muito bem, de fato não do que reclamar.
Mas o problema aqui é que essa liberação esperada por parte das companhias, que já vira uma novela que todos seguimos, atrapalha o legado artístico da banda. é difícil para o adolescente dos anos 90 mostrar o que era clássico e importante para seus primos mais novos ou filhos, nos dias de hoje. Os álbuns simplesmente não estão à venda. Sem uma intensa atividade de shows ao redor do mundo, o De La Soul poderia correr o risco até de ter caído no anonimato. E o que está em voga aqui é nada mais do que o justo, o certo. Lucro? Não vai faltar pra ninguém. Esperamos que para o De La Soul também não.

Sobre os autores

Fabio Lafa escreve textos, podcaster, pesquisador musical e consultor em music branding.

Nyack é Dj, pesquisador musical e beatmaker.

Juliano BigBoss é estudioso do marcado do rap, pesquisador, produtor artístico e executivo.

Sobre o blog

Papo semanal e bem descontraído sobre os ritmos que movem cidades. Dicas e mapeamento de cenários musicais - clássicos e emergentes, do analógico ao eletrônico.

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