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Frequência Modulada

Sobre os talentos que amamos: Just Blaze

Frequência Modulada

08/01/2019 18h02

 

Voltamos! E começando com um aniversariante desse 8 de janeiro que, até para os fãs de hip hop pouco conhecem, mas curtem pacas: O dj e produtor de grandes sucessos dos anos 2000, Just Blaze. Dentro desses sucessos, inegável destacar suas colaborações dentro de uma das maiores potências na história do rap: O coletivo, selo e consequente gravadora Roc-A-Fella, de um dos caras mais ricos na cena, Jay-Z.
Nascido Justin Smith, desceu da pacata Paterson (onde nasceu também a lenda do boxe Rubin "Hurricane" Carter) para New York City e, após o High school aplicar suas breves aulas de piano enquanto adolescente à cultura e premissa de improviso enquanto dj de festas de rap. No final dos anos 90, fase onde os beatmakers de hip hop já estavam começando a criar status de estrela, ele convivia com cars já consagrados nos estúdios em que trabalhou como assistente e se aplicava para encontrar seu estilo nas horas vagas. De fato, ele "morava" na sala de gravação e dormia cerca de 1 ou 2 horas por dia. Disse ele em entrevista à RedBull:

"Jam Master Jay [dj do Run DMC] me ensinou. Terminator X [dj do Public Enemy] me ensinou. Todos esses caras me ensinaram, só de lançarem suas músicas e eu fui capaz de ouvir e estar descobrir como é que eles faziam isso"

E de fato foi isso que ocorreu. Após a primeira leva de produtores de rap dominarem os samplers e baterias eletrônicas como Marley Marl, Large Professor e Pete Rock, Just Blaze é um dos grandes nomes da segunda safra de criadores das batidas famosas e conhecidas dos ouvintes de rap, antes do 5 segundos de exibição – vide:

Após 15 anos assistindo seus sucessos nas rádios e subindo ao topo dos hits da Billboard, interessante a pureza que encara sua música e, como tem uma memória fotográfica sobre o processo de criação em cada batida, claramente mostrados na série de docs Rapture, em exibição na Netflix:

 

E sua carreira deslanchou de fato, quando após algumas reuniões com agenciadores de artistas que trabalhavam para o Jay-Z, ele entrou para a Roc-A-Fella. E dentro do time de produtores, curiosamente trabalhou ao lado de Kanye West, na época também beatmaker e funcionário da gravadora e também acompanhou o nascimento da obra prima e estreia de Kanye West College Dropout, bem de perto.

Esse de longe é um trabalho bem importante. Estamos hoje acostumados a merecidamente fomentar o trabalho dos produtores de rap mas, além da criatividade na entrega, tem um lado também importante: a inteligência emocional. Sendo a batida um dos tópicos mais importantes na música rap, a organização devida de efeitos e cortes de sample, não é simplesmente um combo de bumbo/caixa/chimbau que salva uma obra ou não. Mas de fato a leitura que esse beatmaker faz primeiramente da letra e o mood que ela propõe aos fans, e entender alguns tópicos do processo criativo do artista. Exemplo disso, é um depoimento de Just Blaze em uma entrevista coletiva durante a edição 2018 do Festival SXSW em Austin no Texas, sobre a primeira vez em que trabalhou com Eminem e sugeriu uma pequena alteração na construção de rima e, mesmo sem entender inicialmente o MC ficou muito grato pela observação. Existe toda uma inteligência de ser um pouco psicólogo do artista, para que o melhor aproveitamento daquela parceria.

Nos últimos anos continuamos ver Just Blaze entregando coisa boa, como a sensacional Compton, de Kendrick Lamar e Dr. Dre e Lord Knows de Drake com Rick Ross. E acompanhando os novos talentos, como suas brincadeiras com Mac Miller no Twitter, no começo de sua ascensão e as sessões no Universal Audio Studios com a promissora banda Phony Ppl – e inclusive ele seja um dos poucos produtores que acompanhou essas mudanças de artistas e esteve lá para trocar conhecimentos com essa nova safra. Hoje os top producers são outros, batidas mais voltadas para o trap tomaram conta quase que total das demandas e, bons profissionais tem mais é que usar suas ferramentas para se manterem relevantes mesmo. Voltaremos a falar dele? Sim. Mas de repente de outras formas. Aproveita que o ano está começando e não deixe de seguir nosso podcast – lá, é do jeito que gostamos. Com música!

Sobre os autores

Fabio Lafa escreve textos, podcaster, pesquisador musical e consultor em music branding.

Nyack é Dj, pesquisador musical e beatmaker.

Juliano BigBoss é estudioso do marcado do rap, pesquisador, produtor artístico e executivo.

Sobre o blog

Papo semanal e bem descontraído sobre os ritmos que movem cidades. Dicas e mapeamento de cenários musicais - clássicos e emergentes, do analógico ao eletrônico.

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