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Leões, vocês estão comigo?

Frequência Modulada

23/07/2019 19h00

Beyoncé não apenas nos levou de volta para a África como reuniu um time pesado de artistas de lá com ela. E o movimento afrowave, a nova aposta de fonte para o pop mundial, vai muito bem, obrigado

 

 

Pra quem está acompanhando tudo em torno do live-action de Rei Leão e o universo pop, deve ter dados algumas centenas de plays em The Lion King: The Gift, álbum lançado no susto por Beyoncé que incrementa a experiência de imersão no life-action do sucesso da Disney e, se já estavam conhecidos, agora vão estar bem presentes nas playlists de todos. E sim, nossas apostas estavam corretas: é na música que toca hoje nos países africanos, que o pop vai se basear.

E olhando bem para todos esses artistas que participaram de The Gift, resolvemos te chamar atenção sobre alguns nomes que estiveram nas tracks até mesmo sem Beyoncé em alguns casos, mas que já estão bombando nos falantes há uns 2 ou 3 verões nas grandes cidades americanas e europeias:

Salatiel

Fazendo feat com Pharrell na faixa WATER, o camaronês Salatiel – astro no seu pais. Segura uma gravadora nas costas, a Aplhabetter Records, responsável pelo lançamento de vários outros artistas no país, se tornando um dos novos expoentes da música africana:

Yemi Alade

E claro que não se trata de um empurrão artístico, a seleção de feats para The Gift. A cantora de Abia, sudeste da Nigéria já junta em 5 anos de carreira vários sucessos e um 1 milhão de inscritos no YouTube. Começou a carreira com compilando músicas de artistas de Gana, Africa do Sul e Quênia chamada King of Queens, em 2014. E nessa atividade forte nas redes, te convido a gastar uns bons minutos na hashtag #bouncechallenge no Instagram. Pe-sa-do. E ela representou no possível hit do álbum "Don't Jealous Me", junto dos também grandões Tekno e Mr Eazi.

Moonchild Sanelly

A sul-africana de Porto Elizabeth já roda o mundão tem um tempo. Além dos cabelos sempre azuis sua música cheia de mensagem de levante feminino ganhou a alcunha de future ghetto funk, um ritmo claramente de linhas com linhas de baixo bem gordas tocando fácil em qualquer pista do mundo; até porque ela já incendiou palcos fora do continente, como o Primavera Sound em Barcelona e o SXSW em Austin, Texas (onde também estivemos esse ano com Luedji Luna e Karol Conká)

Bubele Book

Queremos também levantar os talentos que participaram não só no microfone. O afrowave ou afrobeat, não importa como tenha se apresentado para você tem carrega muito da postura e identidade visual dos cantores de rap e r&b, mas ele traz muito do dos ritmos de tribo, é um rackeamento do que é feito no ocidente e vendido de volta com todo esse boom que tá rolando. E isso se deve obviamente pela leitura dos bons beatmakers que, nem sempre com os mesmos recursos de um grande estúdio possa oferecer.

Foi o caso de Bubele Booi, que durante sua graduação em música na Universidade da Cidade do Cabo recebeu a ligação para entregar o beat incrível de "Find your way back", uma track que vai muito de encontro com a narrativa de Simba no filme, e particularmente um ritmo que foi legal ver a Beyoncé cantar – um dos resultados mais vendáveis do novo pop africano. A house music. Bem parecido com o que ouvimos por aqui através de nomes como Bas e Goldlink.

E falando em house e Africa, não poderíamos perder uma ressalva complementar…

Niniola: se não ouviu, deveria…

Em primeiro lugar, entendemos que aqui no Brasil tivemos uma apresentação mal feita da house music. O que foi enviado para cá foi guardado e mantido dentro de uma casta, uma única vertente e talvez a pior delas (a comercial) desde os anos 80. Claro que muita gente séria carrega a bandeira da house music no Brasil mas, gostamos de lembrar uma das premissas desse coletivo: entender melhor todos os cenários em torno de ritmos urbanos e pretos no mundo todo. E é o caso da house music, no mundo todo. Existe uma retomada da identidade periférica na house music, mesmo sendo ela responsável por movimentar milhões de dólares no mundo todo, na África do Sul e Nigéria mora o que podemos chamar de movimento renascentista da house music.

Entre produtores e cantores, quem tá defendendo esse movimento perfeitamente e com louvor é a cantora natural de Lagos, capital nigeriana é Niniola Apata. E sua contribuição para a música exportável do continente africano já rende tanto que até a premio na BET Awards ela foi indicada. Pra quem gosta do afro-house (a nós aqui no Frequência, pleonasmo) já ouviu a incrível "Bana" em algum set ou vídeo de dança pelas redes sociais:

A parte maravilhosa das redes sociais é transportar e unir gente boa no que faz para passos maiores. Através do Instagram, a música de Niniola chegou nas mãos de quem está acostumado também a quebrar paradigmas e buscar outros patamares sonoros: SIM, estaremos vivos para ver o produtor, gênio e alien Timbaland produzir beats de house. Um vídeo lançado na semana passada do que eles estão montando travou a cabeça e encheu todo de curiosidade:

E Drake (atento) também está sondando colaboerações com Niniola, assim como já fez com Jorja Smith em "Get it Together". E justiça seja feita, ele ajudou bastante nessa retomada da house music.

Segundo aviso: o pop mundial vai beber do que a África produz. Presta só atenção. Futuro pintado ontem, realizando-se hoje. E de nada. Até semana que vem!

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Sobre os autores

Fabio Lafa escreve textos, podcaster, pesquisador musical e consultor em music branding.

Nyack é Dj, pesquisador musical e beatmaker.

Juliano BigBoss é estudioso do marcado do rap, pesquisador, produtor artístico e executivo.

Sobre o blog

Papo semanal e bem descontraído sobre os ritmos que movem cidades. Dicas e mapeamento de cenários musicais - clássicos e emergentes, do analógico ao eletrônico.

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